29 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
John Shand: O que é a filosofia?
Há uma anedota recorrente entre muitos filósofos profissionais, que envolve um deles a ser encurralado durante uma festa por alguém que ao saber que se trata de um filósofo lhe pergunta: "Bom, o que é então a filosofia?" A piada reflecte na verdade o desconforto de muitos filósofos e a desconfortante consciência de não serem capazes de dar uma resposta directa e clara. Mais...
28 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
Rui Daniel Cunha: Últimos Escritos sobre a Filosofia da Psicologia, de Ludwig Wittgenstein
22 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
Alvin Plantinga
É inteiramente correcto, racional, razoável e adequado acreditar em Deus sem quaisquer indícios ou argumentos.
21 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
William James
Se acreditamos que não há em nós quaisquer sinos a tocar a rebate quando a verdade está perante nós, parece que pregar tão solenemente que temos o dever de aguardar pelo toque do sino não passa de uma excentricidade vã.
18 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
O Pai Natal e a filosofia
P
“É moralmente errado dizer às crianças que o Pai Natal existe? Independentemente da imensa alegria e excitação de que os miúdos usufruem por acreditar no mito do Pai Natal, trata-se de uma mentira descarada! Quando estão crianças em causa, devemos colocar-nos sempre num patamar moral superior, ou devemos contemplar a possibilidade de excepções? Quando eles descobrem a verdade, não estaremos a ensinar aos nossos filhos que não se pode confiar em ninguém, nem mesmo nos próprios pais?”
R
MARK CRIMMINS: É uma pergunta interessante, sobre a qual não tenho uma posição definitiva: fiquei aliviado quando o nosso filho cedo, e com ardil, nos levou a admitir a verdade. É provável que quando os miúdos descobrem a Grande Mentira do Pai Natal a disposição deles para partir do princípio de que os pais lhes dizem sempre a verdade completa e literal sofra um certo abalo. Mas decerto a grande questão da confiança não se coloca ao nível de saber se se pode contar com o facto de os pais dizerem sempre a verdade completa e literal, mas sim se se pode contar com o facto de agirem de acordo com os melhores interesses dos seus filhos. Faltar deliberadamente à verdade com as crianças, de um modo tal que é certo que, mais cedo ou mais tarde, elas acabarão por descobrir o logro pode, em circunstâncias normais, minar a confiança delas nos pais (razão pela qual fazê-lo parece ser, em regra, má ideia), mas não vejo razão para partir do princípio de que seja sempre má ideia. Na verdade, estou convencido de que é frequente os miúdos reagirem à sua própria percepção crescente de que a magia não existe, de que o Pai Natal não existe, e assim por diante, não com ressentimento por terem sido levados a acreditar no contrário, mas tentando, com secreta esperança, manter a ficção só mais um bocadinho. Desde que o pai ou mãe em questão seja, em regra, um pai/uma mãe em quem o filho possa confiar, especialmente quando é de facto importante que possa confiar nele/a, transmitir-lhe uma crença falsa cujas consequência nefastas são irrisórias e que gera, como diz, alegria e excitação, pode ser perfeitamente aceitável. Pessoalmente, posso garantir que não guardo qualquer ressentimento contra os meus pais por causa disso.
R
LOUISE ANTONY: Tenho uma opinião bastante vincada sobre este assunto, uma opinião que dá azo a grandes discussões com alguns dos meus melhores amigos: penso que não há bons argumentos para que se ensine uma criança a acreditar no Pai Natal, nem para que não se lhe diga a verdade da primeira vez que ela pergunta se ele existe.
Prima facie, uma pessoa não deve mentir aos seus filhos. Mais grave ainda, uma pessoa tem o dever de não tentar convencê-los positivamente de coisas que estão para lá de falsas – de coisas que são absurdas. Agora, que razão é suposto poder invocar-se para que inculcar a crença no Pai Natal seja uma excepção a esta proibição? O facto de a criança experienciar alegria durante o período em que acredita no Pai Natal? Regra geral, não se pode recorrer a este argumento para inculcar crenças absurdas, dado que há muitas crenças absurdas que trariam alegria a uma pessoa, estivesse ela disposta a acreditar nelas: a crença em que é a pessoa mais inteligente do mundo, em que vai viver para sempre, ou em que não há calorias nem colesterol no fettucine alfredo. Mais ainda, o facto de acreditar em coisas absurdas expõe aqueles que nelas acreditam a certos riscos, alguns das quais já apontadas pelo Mark Crimmins. No caso do Pai Natal, o risco de perder a confiança no testemunho dos próprios pais não é, em minha opinião, um risco de somenos. Por último, quando um pai (ou uma mãe, bem entendido) tenta activamente que a criança não tome em linha de conta argumentos perfeitamente correctos contra uma determinada proposição, esse pai/essa mãe corre o risco de a própria racionalidade vir a ser desvalorizada, e de que a criança apreenda a mensagem de que fazer sentido não é um elemento crucialmente importante. “Mas as renas voam?” “É magia!”
Portanto, não é líquido que a alegria de que as crianças beneficiam por acreditar no Pai Natal compense os eventuais resultados negativos induzidos põe esta crença. No entanto, o ponto decisivo desta questão reside no facto de as crianças não precisarem de acreditar no Pai Natal para experienciar a “alegria” que refere na sua pergunta. As crianças podem retirar enorme prazer de fingir que o Pai Natal existe, do mesmo modo que retiram grande alegria de fingir que o Poupas, ou o Super-Homem, existem. Tenho fortes suspeitas de que não é a alegria dos miúdos, mas sim a alegria dos graúdos, que está aqui em questão. São os pais que se comprazem com o facto de os filhos serem suficientemente “inocentes” para acreditar em tudo o que lhes é dito, ou que se deleitam com as coisas “amorosas” que os miúdos dizem e fazem quando acreditam em coisas que os adultos sabem ser absurdas. Ora, os adultos não têm direito a tais prazeres, e deviam abdicar deles.Não, Virginia, o Pai Natal não existe. E é muito bom que o tenhas descoberto.Alexander George, Que Diria Sócrates? (Gradiva)
17 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
Da miséria da vida estudantil
16 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
Avaliar argumentos indutivos

José Sócrates nunca teve uma dor de cabeça até hoje.
Logo, José Sócrates não terá uma dor de cabeça amanhã.
A segunda é a seguinte:
No último ano José Sócrates teve todos os dias dor de cabeça.
Logo, José Sócrates terá dor de cabeça amanhã.
Vamos supor que as premissas dos argumentos são verdadeiras e que, portanto, não há contraexemplos. O curioso é que a amostra indicada na premissa do primeiro argumento é maior do que a do segundo. Contudo, aceitamos mais facilmente o segundo argumento do que o primeiro. Ou não? Porquê?
13 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
Um pedido de ajuda
- Sitter: uma pessoa que quer contactar com um morto e que para isso contacta com um médium.
- Proxy sitter: uma pessoa que faz os preparativos e se encontra com um médium em nome do sitter.
- Control: o espírito associado ao médium, que lhe permite contactar com o mundo dos mortos.
- Communicator: o espírito do morto com o qual o sitter quer comunicar.
- Sitting: uma sessão espírita.
- Seance: isto presumo que se diz "sessão espírita", mas não tenho a certeza.
Agradeço a ajuda! Esta terminologia ocorre num livro de filosofia da religião de Rowe que estou a rever.
Peter Cave e paradoxos

Peter Cave, Duas vidas valem mais que uma? Enigmas filosóficos que o vão surpreender, Academia do Livro, 2008, Trad. Maria A. Campos
12 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
Empirismo e filosofia da mente, de Wilfried Sellars

11 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
A voz dos leitores: Os 10 mais de 2008
10 Mais de 2008 – Luis Gonçalves
Informação empírica para a discussão da ÉTICA AMBIENTAL
Calma - Cool it!, Bjorn Lomborg (Estrela Polar)
Lomborg, depois do seu “ O Ambientalista céptico – Revelando a real situação do mundo”, de 2002, na Editora Campus, volta a reafirmar a sua análise crítica do debate sobre o aquecimento global, mostrando de uma forma clara, realista e baseada em dados científicos, como enfrentar os dilemas da discussão climática, dando o seu forte contributo para enfrentar as posições ecologistas radicais, nomeadamente aquilo a que ele chama a “ladainha ambientalista”.
Quente, Plano e Cheio, T. Friedman (Actual Editora)
Friedman, depois de “O Mundo é Plano – Uma história breve do século XXI”, de 2005, também na Actual Editora, onde já deixara a sua marca na análise do mundo contemporâneo, no que concerne ao papel das mudanças económicas, sociais e políticas nas organizações, nas sociedades e nos indivíduos, vem agora defender a necessidade de uma revolução verde, ou como ele próprio afirma: “E o que fizermos relativamente aos desafios da energia e do clima, da conservação e da preservação, dirá aos nossos filhos quem somos nós na verdade. São decisões sobre quem somos, o que valorizamos, em que tipo de mundo queremos viver e como queremos ser recordados.”
FILOSOFIA POLÍTICA
Manual de Filosofia Política, João C. Rosas (org.) (Almedina)
Uma discussão dos principais modelos teóricos políticos e de alguns dos problemas políticos mais marcantes deste tempo em que vivemos, de uma forma organizada, sustentada e motivadora. É um excelente instrumento de trabalho numa área da filosofia menorizada nos programas actuais de filosofia no secundário.
O Político, Platão, na tradução do grego por Carmen Soares (Círculo de Leitores / Temas e Debates)
É caso para dizer: finalmente o “outro Platão” vem à luz . Numa tradução cuidada, cotada e anotada, Carmen Soares permite-nos a leitura na língua de Camões de um texto essencial para se perceber o Platão tardio, o Platão pós-República, sob uma forma mais comum ao Platão socrático – a troca dialéctica de argumentos sob a inspiração da tentativa de resposta à dupla pergunta a que o Estrangeiro, em 285d dá voz: “Qual é a nossa posição face à investigação sobre a figura do político? Foi-nos ela suscitada pelo político propriamente dito ou porque nos queríamos tornar melhor dialécticos em qualquer matéria?"
O Mundo Pós-Americano, F. Zakaria (Gradiva)
Uma análise lúcida e pertinente do actual estado do mundo político no século XXI, no pós-11 de Setembro. O declínio político americano (a dita “potência única” após a queda do Muro de Berlim, nos finais dos anos 80 do século XX) combinado com a emergência dos BRIC´s (Brasis, Rússias, índias e Chinas) gera novos desafios mas também problemas não expectáveis que exigem uma reflexão cuidada de todos e sobretudo uma postura política nova, uma nova ordem política à escala global, partindo da casa “América.”
Dicionário de Relações Internacionais, Fernando Sousa (dir.) (Edições Afrontamento)
É bem vinda esta nova edição (2ª, revista e aumentada) deste dicionário, numa área das ciências sociais e políticas que diariamente vê os seus conceitos revistos, reformulados e até substituídos por outros, em função dos protagonistas dessa teia constantemente refeita que são as relações internacionais.
ÉTICA
Duas vidas valem mais que uma?, Peter Cave (Academia do Livro)
33 dilemas para desafiar os nossos valores, as nossas convicções, baseados em situações do nosso quotidiano, de uma forma bem disposta e que recoloca a filosofia no centro das decisões que temos de tomar constantemente.
ESTÉTICA
Introdução à Estética, George Dickie (Bizâncio)
Excelente meio para penetrar num mundo com o qual mantinha um passado de incompreensões e alguns mal entendidos.
Um bom livro de começo para quem quer saber o que é a Estética e quais as suas principais teorias.
FILOSOFIA TOTAL
Que diria Sócrates?, Alexander George (org.) (Gradiva)
O subtítulo do livro diz tudo: “Os filósofos respondem às suas perguntas sobre o amor, o nada e tudo o resto“, ou como surpreender a filosofia na rua, na sala de aula, em casa ... desafiando-nos a pensar melhor e a analisarmos criticamente as nossas ideias.
Os Problemas da Filosofia, Bertrand Russell, tradução de Desidério Murcho (Edições 70)
Finalmente a tradução em português legível, de uma das obras mais importantes de um dos filósofos marcantes da filosofia ocidental contemporânea, não só inglesa mas global. Para além da introdução que é um valor acrescentado da tradução.
8 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
Sugestões musicais
6 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
Wikicensuras
Foda (Houaiss)n substantivo feminino Uso: tabuísmo. 1 m.q. cópula ('ato sexual') v substantivo masculino Uso: tabuísmo. 2 aquilo que se suporta com dificuldade; dureza Ex.: o f. é ter de trabalhar no feriadoFoda (Aurélio) [Dev. de foder.] Substantivo feminino. Chulo 1.Cópula (2). 2.Coisa desagradável ou difícil de executar ou suportar: Trabalhar 15 horas por dia é foda.Porto Editora:substantivo feminino 1. vulgarismo relação sexual, cópula;2. vulgarismo coisa desagradável, coisa insuportável;
O censor distingue arbitrariamente "baixo calão" de "alto calão". Isto é simplesmentei incompreensível e incientífico. A etimologia do termo, que é mais clara do que "fuck" atesta-o: "terram fodere", o latim para "escavar". O termo germânico de que deriva "fuck" não parece ter uma etimologia tão clara, à parte uma ressonância com o latim "pugnus" - "punho" (segundo o Oxford Dic).
Há locuções relacionadas que ajudam a esclarecer o significado do nosso termo e também destacam a suposição de negatividade. A mais próxima é talvez «foder a cabeça a alguém». Temos mais uma vez a ocorrência de «foder», só que neste caso usamos «cabeça» como variante idiomática de «psique», embora isto tenha uma conotação mais corpórea e sugira sem dúvida a felação. A felação é pura e simplesmente um tipo de foda cefálica (como na expressão inglesa «giving/getting head»)
(do primeiro capítulo do livro)
Se algum leitor conseguir compatibilizar isto com uma objecção que não seja meramente baseada no pudor ou nas nossas psicofodas linguísticas inargumentativas... Peço-lhe que nos esclareça.
5 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
«Psicofoda» censurada na Wikipédia
4 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
Generalizações e previsões

Logo, o Sol nasce todos os dias.
1 de dezembro de 2008 ⋅ Blog
2008 Best Of
1 – Bertrand Russell, os problemas da filosofia,Ed. 70 ( trad Desidério Murcho)
Era inevitável que a tradução do Russell não viesse à cabeça desta minha lista, já que se trata de uma renovada tradução de um dos clássicos da filosofia contemporânea que pode ser lida tanto pelos profissionais da filosofia como pelos não especialistas.
2 – Michael Lacewing, Philosophy for AS, Routledge
O ensino da filosofia está no centro das minhas preocupações pelo que é natural que alguns dos livros de filosofia mais significativos para mim sejam manuais. Para além de tudo aprende-se muita e boa filosofia por manuais quando eles são bem feitos. Este de Michael Lacewing, apesar de não estar traduzido na língua portuguesa, foi um dos melhores livros que comprei em 2008 e certamente é uma útil e sempre presente ferramenta de trabalho
3. Vários Autores, A Arte de Pensar 11, Didáctica Editora
Já é publica a minha preferência assumida por este manual de filosofia para o ensino secundário. Apesar de ser um manual e destinado a estudantes do ensino secundário, acaba por ser das melhores introduções à filosofia que temos escrita exclusivamente por autores portugueses. Creio mesmo que é a única. É uma obra escrita numa linguagem compreensível e, na minha opinião, é talvez a maior revolução para o ensino da filosofia das últimas décadas permitindo mudar toda uma forma de encarar a filosofia inspirada em modelos que já provaram a sua caducidade.
4 – George Dickie ,Introdução à estética, Bizâncio, trad. Vitor Guerreiro
Era importante termos disponível em língua portuguesa alguma obra de George Dickie, um filósofo que protagoniza uma das mais relevantes teorias contemporâneas da filosofia da arte, a teoria institucional da arte. Mas esta obra é particularmente interessante porque Dickie escreve uma pequena história da filosofia da arte, até chegar à sua tese como que a mostrar ao leitor o percurso que conduz o filósofo a defender a sua tese.
5 – Kwame Anthony Appiah, Cosmopolitismo, ética num mundo de estranhos, trad. Ana Catarina Fonseca
É já a segunda obra que leio deste filósofo ganês, radicado nos EUA, país onde exerce a docência universitária na filosofia e confesso que é um autor que me tem interessado,não tanto pela especificidade das suas teses, mas mais pelo modo como escreve e apresenta a filosofia. A obra merece a 5ª posição na minha lista, mas a tradução e a edição em si nem sequer daria lugar a esta obra numa lista que se preze. Esta tradução merecia uma revisão completa. Nesta obra Apiah defende a tese cosmopolita de inspiração kantiana. Esta defesa não é exclusiva de Apiah em filosofia. A Filosoficamente da Bizâncio teve a oportunitade de traduzir uma obra de Louis Pojman onde é feita uma defesa aproximada a esta de Apiah.
6 - Peter Singer, Escritos sobre uma vida ética, D. Quixote, Trad. Pedro Galvão, Maria Teresa Castanheira, Diogo Fernandes
Seria muito difícil não mencionar uma qualquer obra de Singer já que é um filósofo por quem tenho uma grande admiração, mesmo que não subscreva toda a sua argumentação. Esta obra é uma espécie de best of de Peter Singer e vale sobretudo para quem quer compreender muitas das principais teses que o filósofo defende em formato que garante economia de tempo, sem qualquer deslize dos seus argumentos mais explorados numa ou outra obra.
7 - Alexander George, que diria Sócrates?, Gradiva, trad. Cristina Mateus de Carvalho
Este livro tornou-se a materialização em formato livro do trabalho desenvolvido no site Ask Philosophers. É divertido, rigoroso, impecável. É uma obra de filosofia que estabelece muito bem a ponte entre a filosofia e a vida mais quotidiana. E é mais um volume de uma das mais belas colecções de filosofia em língua portuguesa, a Filosofia Aberta.
8 - Peter Singer e Jim Manson, Como comemos, trad. Isabel Veríssimo, D Quixote
Este não é um livro típico de filosofia. Parte de uma investigação no terreno dos autores e essa investigação é que acaba por constituir as premissas para defender uma tese mais central, a que que temos uma obrigação moral no que metemos na boca para nos alimentar. Li-o com muito prazer durante o verão de 2008, mas com muito choque também e fiquei com a noção de que a generalidade das pessoas praticamente não tem grande noção que quando come esse acto pode ter implicações morais muito sérias. Precisaríamos de alguma continuidade na publicação deste género de obras em língua portuguesa.
9 – Gareth B. Matthews, Santo Agostinho, Ed. 70, Trad. Hugo Chelo
Desde os tempos de faculdade que não lia um livro inteiramente dedicado a Santo Agostinho. Pensava que já sabia tudo o que havia para saber do filósofo medieval e que esse que havia para saber nem era grande coisa. Enganei-me até começar a ler o excelente livro de Gareth Matthews um dos maiores especialistas da actualidade em S. Agostinho.
10 - Daniel C. Dennett, Quebrar o Feitiço, a religião como fenómeno natural, Esfera do Caos, trad Ana Saldanha
A filosofia é isto mesmo, ousadia intelectual. Dennett propõe nesta sua obra que se leia a religião como resultado da evolução e essa evolução conduzir-nos-á, inevitavelmente, ao ateísmo. Interessante. Esta edição é também assinalável pois vem repor alguma justiça na disponibilidade de obras de ateus em língua portuguesa. A versão de Dennett parece-me mais completa que a de Richard Dawkins.
Ideias e letras
A editora brasileira Idéias & Letras, divulgada por um leitor, tem alguns títulos muito importantes para o ensino. Destaco os seguintes:
- Filosofia Medieval, org. por McGrade. Trata-se da tradução do Cambridge Companion to Medieval Philosophy. É uma obra crucial para preparar boas aulas de graduação de filosofia medieval.
- Primórdios da Filosofia Grega, org. A. A. Long. Mais uma tradução, desta feita do Cambridge Companion to Early Greek Philosophy, que abrange os chamados pré-socráticos (designação algo enganadora porque alguns deles são ou contemporâneos ou posteriores a Sócrates). Crucial para aprofundar este período da filosofia num curso de graduação, quer numa cadeira de Filosofia Grega, quer numa cadeira electiva dedicada apenas aos pré-socráticos.
Os melhores de 2008 no Brasil
- Uma Nova História da Filosofia Ocidental: Filosofia Antiga, de Anthony Kenny (Loyola)
- Uma Nova História da Filosofia Ocidental: Filosofia Medieval, de Anthony Kenny (Loyola) Com estes dois primeiros volumes da nova história da filosofia, estudantes e professores podem preparar melhores aulas de graduação de história da filosofia. Os volumes dividem-se sempre em duas partes: na primeira, faz-se uma apresentação histórica mais geral das ideias e contextos históricos do período em causa; na segunda, discute-se em maior profundidade, e tematicamente, os problemas, teorias e argumentos do período em causa.
- Estética: Fundamentos e Questões de Filosofia da Arte, org. Peter Kivy (Paulus). Trata-se da tradução do Blackwell Guide to Aesthetics. Com artigos sobre diversos aspectos da estética e da filosofia da arte, da autoria dos filósofos que hoje trabalham nesta área, é uma obra preciosa para professores e estudantes interessados nesta área de estudos.
- Compêndio de Epistemologia, de John Grecco e Ernest Sosa (Loyola). Outra tradução preciosa de mais um original da série Blackwell Philosophy Guides. Os filósofos contemporâneos que trabalham na área da teoria do conhecimento apresentam neste livro vários artigos sobre vários aspectos centrais da área. Um instrumento crucial para o ensino universitário.
- O Básico da Filosofia, de Nigel Warburton (José Olympio). Não há uma introdução à filosofia mais simples do que esta, sem contudo deturpar indevidamente a área. Imprescindível para o ensino médio e para alunos dos primeiros anos de graduação.
- Para Que Serve a Verdade?, de Pascal Engel e Richard Rorty (UNESP). Uma discussão lúcida sobre um tema que costuma ser muito mal compreendido. Rorty é um defensor do perspectivismo nietzschiano, segundo o qual a verdade é um conceito meramente religioso, que devemos abandonar como abandonámos os deuses gregos. Mas Engel está longe de concordar com esta perspectiva e apresenta a sua perspectiva alternativa.
- Liberdade e Neurobiologia, de John R. Searle (UNESP). Searle regressa neste livro a temas que já ocuparam uma parte importante das suas preocupações: a compreensão do livre-arbítrio num universo aparentemente determinado.
- A República de Platão: A Boa Sociedade e a Formação do Desejo, de Martha Nussbaum (Bestiário) Este excelente livrinho é de 2004, mas passou aparentemente despercebido, pelo que o incluo nesta lista. É uma apresentação obrigatória para quem quiser compreender bem a República de Platão, a sua relevância para a filosofia política contemporânea e para a nossa concepção de sociedade. Uma prosa clara como água e uma belíssima tradução.
- Incompletude: A Prova e o Paradoxo de Kurt Gödel, de Rebecca Goldstein (Companhia das Letras). Não é um livro de filosofia, mas de divulgação científica e filosófica, que apresenta alguns aspectos do famoso lógico que pensava ter acabado com as ilusões empiristas dos positivistas lógicos. Na verdade ninguém lhe ligou na altura e continuaram alegremente a ser nominalistas.
- Santo Agostinho, de Gareth B. Matthews (Jorge Zahar) Este livro foi publicado em 2007 no Brasil mas é um milagre de história da filosofia tal como devia ser feita, pelo que vale a pena recordá-lo. Apresentando as ideias de Agostinho simultaneamente com rigor exegético e à luz da filosofia contemporânea, é das melhores coisas que li sobre um filósofo do passado.
30 de novembro de 2008 ⋅ Blog
O melhor de 2008
A lista inclui apenas um livro de autores portugueses, pois é o único que conheço (ainda não li o livro do Pedro Galvão, pelo que não me posso pronunciar, se bem que tenha muito boas razões para acreditar que deve ser filosofia de excelente qualidade).
Dada a escassez de bons livros de filosofia publicados no nosso país, a lista que elaborei deve ser algo relativizada: alguns deles só aparecem na lista por falta de competição. A lista não está ordenada de forma rigorosa, mas os que considero mais importantes estão nos primeiros cinco.
1. Bertrand Russell, Os Problemas da Filosofia (Ed. 70, trad., introd. e notas de Desidério Murcho).
Este é um clássico que já estava a merecer uma tradução que fizesse jus ao estilo de Russell e à subtileza filosófica que o caracteriza. A introdução e as notas do Desidério ajudam muito nesse sentido. Ao comparar esta tradução com a bolorenta tradução de António Sérgio, até parece que estamos a falar de livros diferentes.
2. George Dickie, Introdução à Estética (Bizâncio, trad. de Vitor Guerreiro).
Uma excelente introdução à estética e filosofia da arte, escrita por um dos mais destacados filósofos da arte e com uma tradução muito cuidada e rigorosa do Vítor. Dickie aproveita também para apresentar algumas das suas próprias ideias, dado que estas têm sido amplamente discutidas na filosofia da arte contemporânea.
3. Alexander George, Que Diria Sócrates? (Gradiva, trad. de Cristina Carvalho).
Respostas de filósofos profissionais a pessoas comuns sobre praticamente todos os grandes temas da filosofia. É um livro muito acessível, sem prescindir do rigor filosófico.
4. Peter Singer, Escritos Sobre uma Vida Ética (Dom Quixote, trad. de Pedro Galvão, Teresa Castanheira e Diogo Fernandes).
Mais um livro de um dos grandes nomes da ética contemporânea, no qual se compilam alguns dos textos mais importantes de Peter Singer. A tradução está à altura do autor.
5. Gareth Matthews, Santo Agostinho (Ed. 70, trad. de Hugo Chelo).
Uma excelente discussão da filosofia de Santo Agostinho, à luz da discussão filosófica actual. Surpreendente.
6. Daniel Dennett, Quebrar o Feitiço - A Religião como Fenómeno Natural (Esfera do Caos, trad. de Ana Saldanha).
Não se trata do melhor Dennett (a primeira parte é escrita a pensar principalmente no grande público americano, mais dado a grandes emoções quando se trata de discutir questões sobre religião), mas Dennett raramente decepciona e vale sobretudo pela sua leitura naturalista da história da religião.
7. João Cardoso Rosas (org.), Manual de Filosofia Política (Almedina).
Um exemplo que muitos filósofos e académicos portugueses deviam seguir. Este manual é constituído por diversos ensaios de investigadores e filósofos portugueses, alguns deles bastante jovens. Os ensaios não têm todos o mesmo nível, mas o nível geral é bastante bom. Destaco os textos do organizador, João Rosas (da Universidade do Minho), e de Pedro Galvão (da Universidade de Lisboa). Além disso trata-se de um manual de filosofia política contemporânea, o que é de saudar.
8. George Orwell, Por Que Escrevo e Outros Ensaios (Antígona, trad. de Desidério Murcho).
Não é bem um livro de filosofia, mas há lá mais filosofia do que em alguns livros de filósofos badalados. Se a filosofia é a avaliação crítica dos nossos preconceitos, então este livro transpira filosofia a cada página.
9. Karl Popper, Busca Inacabada - Autobiografia Intelectual (Esfera do Caos, trad. de João Duarte).
Popper explica-se a si mesmo. Interessante.
10. Thomas Cathcart, Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar…. (Dom Quixote, trad. de Isabel Veríssimo).
Um livro divertido e inteligente, que brinca com algumas das nossas intuições filosóficas. É pena a tradução ser bastante descuidada.
2008 - Os melhores

Enviem as vossas listas para: rolandoa@netmadeira.com
29 de novembro de 2008 ⋅ Blog
Kant vem aí
28 de novembro de 2008 ⋅ Blog
Indução e filosofia da ciência, de Stephen Law
Pós-graduação lato sensu em Filosofia

Estão abertas as inscrições para o curso de pós-gradução lato sensu em Filosofia da Universidade Federal de Ouro Preto. O curso oferece uma qualificação intensiva de nível superior, de caráter informativo e reflexivo, sobre os problemas, teorias e argumentos da filosofia antiga, moderna e contemporânea. Os destinatários são graduados em áreas afins e professores da rede pública e privada das áreas de Ciências, Humanas e Artes. Ultimamente temos tido uma afluência particularmente feliz de professores de filosofia do ensino médio que procuram actualizar os seus conhecimentos.
Carga horária: 360 horas. Número de vagas: 30. O curso decorre em dois meses apenas: Janeiro e Julho, em regime intensivo nos dois meses, de segunda a sexta-feira, das 08 às 12h e das 14 às 18h.
O curso decorre no centro da cidade histórica de Ouro Preto, MG, no Instituto de Filosofia, Artes e Cultura, que alberga o Departamento de Filosofia da UFOP. Mais informações...
desafio aos leitores
26 de novembro de 2008 ⋅ Blog
Determinismo
Se o determinismo fosse verdadeiro, tal que todas as acções estivessem fixadas desde o momento inicial do universo pelas leis da natureza, estaria a moralidade posta em causa? Seria Hitler moralmente equivalente a Gandhi, na medida em que ambos foram determinados para agir como agiram? Deve esta constatação afectar a indignação que sentimos por pessoas «imorais»?
R
PETER LIPTON: É uma grande questão, mas vou contar-lhe apenas uma história familiar a aos filósofos que trabalham nesta área. Um homem é acusado e condenado por ter cometido um crime, sendo-lhe permitido fazer um pequeno discurso antes de ser decidida a sentença. Ele admite ter cometido o crime, mas alega ser não só criminoso, como também filósofo, um filósofo que está plenamente convencido da verdade do determinismo. Uma vez que tudo o que faz é determinado por causas que decorreram antes de ele próprio ter nascido, segue-se que não poderia ter feito outra coisa que não cometer o crime, o que faz com que, seguramente, não mereça ser punido. A juíza, tendo ouvido atentamente estas palavras, confessa ter, também ela, uma inclinação filosófica e que, à semelhança do criminoso, é também uma determinista. Como tal, não pode deixar de o punir.
Quando consideramos as relações entre determinismo e responsabilidade, a nossa tendência é não sermos totalmente consistentes. Assim, podemos pensar que não devíamos punir criminosos, que não nos devíamos indignar com eles. Qual é, porém, a «força» deste «não devíamos», tendo em conta que nós também somos determinados? Limitamo-nos simplesmente a fazer o que fomos determinados para fazer. Dado que não poderíamos agir de outra maneira, «devíamos» e «não devíamos» não parecem desempenhar qualquer papel.
Alexander George (org.), Que Diria Sócrates? Lisboa: Gradiva, 2008.
25 de novembro de 2008 ⋅ Blog
A Filosoficamente oferece livros
Regras do passatempo: 1) o passatempo está aberto até às 00:01 do próximo dia 28, sexta-feira; o que conta é a data e hora do comentário; 2) o passatempo está aberto apenas aos residentes em Portugal, para onde o prémio será enviado gratuitamente pela Bizâncio; 3) sou eu que avalio as respostas, sem recurso, e escolho as três melhores.
A Filosoficamente é a nova aposta da Bizâncio na filosofia. A colecção publica obras de carácter introdutório e avançado sobre todas as áreas da filosofia. Inaugurada em 2007, publicou já livros de McGinn, Warburton, Pojman e Dickie.
23 de novembro de 2008 ⋅ Blog
Joelson Santos Nascimento: Epicteto, Testemunhos e Fragmentos
22 de novembro de 2008 ⋅ Blog
Fazer filosofia é fazer coisas
Frequentemente sou confrontado com uma observação que me causa algum incómodo, a de que determinada pessoa até gosta de filosofia, mas que precisa de fazer algo mais prático e, em razão disso, prefere estudar psicologia ou medicina. A perplexidade que me causa este tipo de observação é só uma: é que escolhi estudar filosofia precisamente por me considerar uma pessoa muito prática. Penso que é bom procurar definir aquilo que estamos a pensar quando nos referimos ao que é e não é prático. No sentido comum em que esta afirmação é feita, a característica de “prático” não pode ser atribuída a quase nenhum saber. Por prático entendem as pessoas, “fazer coisas”. Ora, na filosofia aquilo que fazemos é pensar como fazer coisas, por exemplo, como fazer ciência na filosofia da ciência. Claro que enquanto estamos a pensar como fazer coisas, não estamos, na verdade, a fazer coisas. Mas o que cabe aqui perguntar é se é possível fazer coisas sem antes pensar como as fazer? Claro que é, mas tem de existir sempre alguém que pense como fazer coisas para que outros as possam fazer. Aqui a opção entre o que é prático e não prático faz sentido, mas é pouco razoável que alguém desvalorize a filosofia de forma completa só porque pensa que o melhor que tem a fazer na vida é “fazer coisas”. Para além disso aparece aqui uma questão mais metafísica: e pensar como fazer coisas não é em si fazer coisas? Eu defendo que sim, mas é verdade que a generalidade das pessoas pode não o considerar desse modo. Mas a minha hipótese é que fazer filosofia ou, pelo menos, pensar filosoficamente é fazer coisas e que, mexer nas coisas só é compreensível se nos for dada a possibilidade de pensar em como as mexer antecipadamente. Será a minha hipótese aceite pacificamente?
20 de novembro de 2008 ⋅ Blog
19 de novembro de 2008 ⋅ Blog
Padres, revolucionários de esquerda e poetas lunáticos
Um argumento de Alexandre Machado

18 de novembro de 2008 ⋅ Blog
A natureza da filosofia e o seu ensino, de Desidério Murcho
17 de novembro de 2008 ⋅ Blog
Mário Santos: Por Que Escrevo e Outros Ensaios, de George Orwell
Popper e a verdade
Custa entender por que razão este tipo de confusão é assim tão persistente.
16 de novembro de 2008 ⋅ Blog
O Básico da Filosofia, de Nigel Warburton

Tive uma boa surpresa ao passar pela livraria: a José Olympio acaba de publicar no Brasil o excelente O Básico da Filosofia, a que em Portugal dei o título Elementos Básicos de Filosofia. Trata-se de uma introdução muito simplificada à filosofia, ideal para o ensino médio (Brasil) ou secundário (Portugal). Infelizmente, a tradução agora publicada vem com atraso: é a tradução da terceira edição inglesa, ao passo que já saíu entretanto uma quarta edição, que deu origem à segunda edição portuguesa.
Na badana do livro afirma-se que a mesma editora publicou o Pensar de A a Z, do mesmo autor, mas deve ser um erro, pois não encontrei o livro no site do editor, nem nas principais livrarias. Presumo todavia que será publicado em breve.
15 de novembro de 2008 ⋅ Blog
Promoção FNAC
13 de novembro de 2008 ⋅ Blog
contra a psicofoda linguística
12 de novembro de 2008 ⋅ Blog
11 de novembro de 2008 ⋅ Blog
Os Problemas da Filosofia, de Bertrand Russell

Agradeço ao editor das 70, Pedro Bernardo, o amável convite para fazer esta tradução, que tanto prazer me deu: traduzir um clássico de um dos maiores filósofos de sempre é um privilégio. Traduzi com muito carinho, e procurei explicar alguns aspectos mais profundos, na introdução, que está articulada com várias notas que espero sejam oportunas.
O livro de Russell permite duas leituras: como obra introdutória à filosofia e como obra de autor. É sobretudo quanto a este segundo aspecto que procurei apresentar alguns esclarecimentos.
O livro é excelente para quem quiser compreender o que é a filosofia, pois ao invés de Russell fazer listas algo anódinas das ideias dos outros, apresenta com vivacidade alguns problemas centrais da filosofia (sobretudo da teoria do conhecimento e da metafísica), explorando de seguida diversas tentativas de resposta, cuidadosamente argumentadas.
Russell é um autor muito inteligente e cheio de humor. Há uma passagem em que fala de um triângulo a jogar futebol que é inesquecível.
Espero que este trabalho seja útil para professores, estudantes e público em geral interessado em filosofia.
E fica aqui um agradecimento à Palmira e ao Carlos, que me ajudaram a escrever melhor uma passagem da minha introdução que refere as relações de Einstein com o éter. Agradeço também ao meu colega e amigo Sérgio Miranda, que prontamente se dispôs a traduzir do alemão o prefácio de Russell à tradução alemã desta obra.
Aqui encontra-se uma apresentação do livro e dois excertos.
10 de novembro de 2008 ⋅ Blog
Logosfera

Desobediência civil
Quem quiser seguir a discussão sobre como deviam os professores ser avaliados, pode ver o post de Carlos Pires, também no Dúvida Metódica.
7 de novembro de 2008 ⋅ Blog
Sugestão
6 de novembro de 2008 ⋅ Blog
I Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFOP
O I Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFOP é uma iniciativa dos alunos da graduação do curso de Filosofia e conta com o apoio do Instituto de Filosofia, Artes e Cultura, do Departamento de Filosofia e da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). O encontro ocorrerá entre os dias 10 e 14 de novembro de 2008 no IFAC, localizado na Rua Coronel Alves 55 Centro, Ouro Preto, Minas Gerais. O encontro reune graduandos, graduados e pós-graduandos, estimulando o debate filosófico e promovendo a interação entre universidades. O evento consiste em palestras ministradas por professores convidados, mini-cursos, debates sobre temas filosóficos e apresentações de comunicações em mesas redondas temáticas.
Calendário
Segunda-Feira, 10/11/2008
10:00 - Inscrições Finais
14:00 - Comunicações - ÉTICA 1
16:00 - Comunicações - METAFÍSICA 1
19:30 - Palestra: Necessidade, Factividade e Negação
Com o professor Desidério Murcho
Terça-Feira, 11/11/2008
10:00 - ÁGORA debates: Filosofia Analítica e Filosofia Continental
Com os professores Desidério Murcho e Imaculada Kangussu
14:00 - Comunicações - TEMAS DIVERSOS DA FILOSOFIA
16:00 - Comunicações - METAFÍSICA 2
19:30 - Palestra: Filosofia e Religião: uma religião humanística no século XXI
Com a professora Marta Luzie de Oliveira
Quarta-Feira, 12/11/2008
10:00 - Palestra: Imaginação em Kant
Com professor Hélio Lopes da Silva
14:00 - Comunicações - FILOSOFIA MODERNA
16:00 - Comunicações - ÉTICA 2
19:30 - Apresentação do Mestrado da UFOP
Quinta-Feira, 13/11/2008
10:00 - ÁGORA debates: Sobre a Verdade
Com o professor Olympio José Pimenta Neto
14:00 - Comunicações - LÓGICA
16:00 - Comunicações - EPISTEMOLOGIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA
19:30 - Palestra com professor Túlio Roberto Xavier de Aguiar
Sexta-Feira, 14/11/2008
10:00 - MESA REDONDA
Com os professores Rodrigo Duarte, Imaculada Kangussu e Douglas Garcia
14:00 - Comunicações - ESTÉTICA e FILOSOFIA DA ARTE
16:00 - Comunicações - FILOSOFIA POLÍTICA E TEORIA CRÍTICA
Mesas de comunicações
ÉTICA 1 (10/11)
Coordenador: Luiz Helvécio Marques Segundo
- Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale: Roberto Rômulo Braga Tavares (IPTAN)
- Utilitarismo e sentimentos morais: Sagid Salles Ferreira (UFOP)
- Uma defesa da filosofia moral de Kant: Pedro Merlussi (UFOP)
- Sade e os princípios de natureza e moral na Filosofia Libertina: Paulo Fernandes Ribeiro de Souza (UFU)
METAFÍSICA 1 (10/11)
Coordenador: Mayra Moreira da Costa
- Das relações entre intuição, metafísica e ciência no pensamento de Henri Bergson: Aristeu Laurêncio Mascarenhas (UFSCar)
- A crítica de Nietzsche ao dualismo platônico: Natália de Andrade Pereira (Unimontes)
- Outrem deleuzeano como mundo possível: Ana Carolina Gomes Araújo (UFU)
- Sobre os argumentos de Kripke acerca da modalidade e da essencialidade: Iago Bozza Francisco (UFOP)
TEMAS DIVERSOS DA FILOSOFIA (11/11)
Coordenador: Ricardo de Oliveira Toledo
- A ordem do coração no pensamento de Blaise Pascal: Nilson Gonçalves de Oliveira (UFOP)
- Loucura e ceticismo: impossibilidade de conhecimentos absolutamente verdadeiros ou absoluto silêncio intelectual: Regis Cardoso (UNICAMP)
- Sócrates sofista, Machado de Assis filósofo? Alex Lara Martins (UFMG)
- O ethos filosófico em Baudelaire como atitude de modernidade segundo Michel Foucault: Rogério Luís da Rocha Seixas (UFRJ)
METAFÍSICA 2 (11/11)
Coordenador: Sagid Salles Ferreira
- Contra a negação da existência da verdade Rodrigo Reis Lastra Cid (UFOP)
- A correspondência entre linguagem e mundo no tractatus de Wittgenstein: Leandro Shigueo Araújo (UFU)
- Os Comprometimentos Ontológicos do Logicismo Fregeano em "Os Fundamentos da Aritmética": Henrique Antunes Almeida (UFMG)
- Estamos comprometidos com a existência de propriedades em nosso discurso acerca da realidade? Rodrigo Alexandre de Figueiredo (UFOP)
FILOSOFIA MODERNA (12/11)
Coordenador: Luiz Otávio
- A Noção de Substância em Descartes e Espinosa Jorge Quintas (UERJ)
- Hume e a "Ciência do Homem": questões epistemológicas no Tratado da Natureza Humana: Cristiano Moraes Junta (UFSCar)
- As diferentes formulações da dúvida cartesiana: Maíra de Souza Borba (UFMG)
- Kant e as Refutações do Idealismo Empírico: Fábio César da Silva (UFOP)
ÉTICA 2 (12/11)
Coordenador: Clarissa Ayres
- A educação estética e o desenvolvimento da moralidade: José Costa Júnior (UFOP)
- Como a "dívida" se torna "culpa": Vinícius Amaral Galvão de França Andrade (UNICAMP)
- Breve abordagem sobre a liberdade, a angústia e a má fé em Sartre: Danilo Gomes Ferreira (UFU)
- Subjetivismo, objetivismo e o sentido da vida: Fernando Fabrício Rodrigues Furtado (UFOP)
LÓGICA (13/11)
Coordenador: Matheus Martins
- Paradoxo do mentiroso e modelos de ponto fixo: Guilherme Araújo Cardoso (UFMG)
- São os paradoxos da implicação material realmente paradoxos? Renato Mendes Rocha (UFG)
- Lógica paraconsistente: Lógicas da inconsistência formal e dialetismo: Diego Amaro Varela (UNICAMP)
- A Vagueza da Linguagem Natural e os Paradoxos Sorites: Eduardo Dayrell de Andrade Goulart (UFMG)
EPISTEMOLOGIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA (13/11)
Coordenador: Iago Bozza Franscisco
- Hume e as objeções populares: Flávio Miguel de Oliveira Zimmermann (USP)
- O ser no espaço-tempo: Diego de Souza Avedaño (UFU)
- Causas e Efeitos: Problemas Atuais: Mayra Moreira da Costa (UFOP)
- Inferência, Justificação e Explicação: cutucando o coerentismo: Thiago Monteiro Chaves (UFMG)
ESTÉTICA E FILOSOFIA DA ARTE (14/11)
Coordenador: Fernando Pacheco
- Da totalidade como obra de arte à obra de arte como via possível: gnosiologia e filosofia da cultura em Georg Simmel: Vitor Sommavilla de Souza Barros (UFMG)
- A música como convite à regressão em Adorno: Felício Ramalho Ribeiro (UFMG)
- Gênio e imaginação em Kant: Danilo Citro (UNESP)
- O engano da indefinibilidade da arte: Thiago Barros Gomes (UFOP)
FILOSOFIA POLÍTICA E TEORIA CRÍTICA (14/11)
Coordenador: Thiago Reis Santos
- Fetichismo e reificação: a estrutura de dominação do capitalismo Vinícius dos Santos Xavier (Mackenzie)
- A apropriação do conceito de tolerância de John Locke no debate contemporâneo sobre a diversidade religiosa: Pedro Alex Rodrigues Viana (UFOP)
- Hannah Arendt e a geopolítica: Bruno Faria Gomes (CEFET-Campos)
- História como empreendimento de memória: a revolução copernicana de Walter Benjamim: Warley Souza Dias (Unimontes)
Organização
CAFIL
- Mayra Moreira da Costa
- Sagid Salles Ferreira
- Rodrigo Reis Lastra Cid
- Rodrigo Alexandre de Figueiredo
- Luiz Helvécio Marques Segundo
- Thiago Reis Santos
- Evando Aparecido Gasque
Apoios
DEFIL
IFAC
UFOP
ÁGORA Debates
Grande Hotel Ouro Preto
5 de novembro de 2008 ⋅ Blog
O paradoxo dos corvos
O "Paradoxo dos Corvos", um dos mais conhecidos paradoxos da Teoria da Confirmação, será o tema da primeira MLAG Lecture (Mind, Language and Action Group) a realizar-se no Estúdio de Videoconferência da Universidade do Porto. Acontece já no próximo dia 7 de Novembro de 2008, pelas 17h30, no Edifício da Reitoria, à Praça Gomes Teixeira. O conferencista convidado é António Zilhão, da Universidade de Lisboa. A conferência será transmitida online. Mais informações...
1.º Workshop Luso-Brasileiro de Filosofia Analítica
Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa
21 de Novembro de 2008
Departamento de Filosofia da FLUL
09:00 -- Adriana Silva Graça, Universidade de Lisboa e LanCog, Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa
Os Nomes da Ficção: Solução na Pragmática ou na Semântica?
Nesta apresentação, irei debruçar-me sobre qual a melhor solução para o problema10:20 -- Marco Ruffino, Universidade Federal do Rio de Janeiro
dos nomes vazios (em particular, dos nomes da ficção) não subscrevendo qualquer
forma de fregeanismo relativamente ao sentido de nomes próprios nem qualquer
versão da admissão de um terceiro reino de entidades. Irei discutir duas
alternativas viáveis, uma de índole semântica, outra de índole pragmática, ambas
as quais apelativas, analisando os seus custos e benefícios.
Componentes Proposicionais Não-Articulados
De acordo com Perry (1986, 1998), o proferimento de uma sentença pode expressar11:40 -- Breno Hax, Universidade Federal do Paraná
uma proposição contendo elementos que não correspondem a nenhuma parte
gramatical (morfema) do proferimento. Perry chama tais elementos de
constituintes proposicionais não-articulados. Cappelen e Lepore (2005, 2007),
formulam uma crítica forte desta noção: de acordo com estes, a noção de
constituintes não-articulados não passa de um mito. Stanley (2000) critica esta
mesma noção baseado em outros princípios: de acordo com ele, toda sensibilidade
contextual é apenas devida ou a indexicais explícitos ou a indexicais ocultos na
forma lógica da sentença proferida. Adicionalmente, Stanley provê evidência
sintática para a presença de indexicais ocultos em sentenças usadas como exemplo
por Perry. Corazza (2007) defende uma posição híbrida: para este, todos os
constituintes proposicionais semanticamente relevantes são ou o valor de
elementos gramaticais explícitos ou de uma posição de argumento implícita na
forma lógica profunda da mesma, mas isto é consistente com a possibilidade de o
falante não ter nenhuma representação consciente deste elemento. Neste artigo
analisarei estas três linhas críticas e argumentarei que nenhuma delas é
completamente convincente. Eu também adicionarei minhas próprias considerações
críticas a respeito da noção de Perry. Minha conclusão será, portanto, puramente
negativa, isto é, que nenhuma das posições mais salientes nesta questão é
inteiramente satisfatória.
Espécies, Qualidades e Substâncias
Meu propósito é examinar uma reconhecida estratégia de distinção de espécies e13:00 -- Almoço
qualidades e avaliar a sua plausibilidade na explicação do que designarei como o
fato da conjunção de espécies e qualidades. Examinarei a seguir uma segunda
estratégia de explicação do fato mencionado que aparentemente é-lhe rival. A
segunda estratégia propõe que uma entidade x é de certa espécie e tem
determinadas qualidades porque possui certa microestrutura física. Discutirei
alguns pontos corretos dessa estratégia e também uma lacuna. Concluirei com a
sugestão de uma proposta de entendimento das relações entre qualidades, espécies
e substâncias.
15:00 -- Anna Christina Ribeiro, Texas Technical University
Aesthetic Luck
The idea that some aesthetic experiences and some aesthetic judgments are not16:20 -- António Lopes, LanCog, Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa
open to all aesthetic subjects seems to be the kind of claim that only a
cultural snob would make. Yet, the aesthetic experiences and judgments available
to a given individual are frequently beyond her control. The issue concerns the
character and value of one's aesthetic experiences and judgments and,
ultimately, the possibilities for aesthetic value in one's life. If there is a
phenomenon of aesthetic luck, then (1) all beauty is not open to us, and there
is little we can do about it, and (2) our aesthetic subjectivity and notions of
beauty are threatened. Attempts to overcome the vicissitudes of aesthetic luck
land us in paradox or circularity. One may have to accept one's aesthetic fate,
and the restrictions it places on one's potential for an aesthetically valuable
life.
Intencionalismo, Anti-intencionalismo e o Verdadeiro Objectivo da Interpretação em Arte: Uma Polémica Genuína?
Desde o alvor da filosofia da arte de matriz analítica até hoje, o debate em17:40 -- João Branquinho, Universidade de Lisboa e LanCog, Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa
torno da relevância das intenções dos autores para a interpretação crítica de
obras de arte não parece dar mostras de esgotamento. Mas será esta polémica
genuinamente acerca do verdadeiro modo de aceder ao sentido ou significado das
obras? Procurarei mostrar que a discordância é mais bem descrita como dando-se
ao nível meta-estético, o de saber qual é o objectivo correcto da interpretação.
Uma vez que as razões para excluir empreendimentos interpretativos em arte como
ilegítimos ou "errados" são minimais, e que as considerações de valor, e não
apenas de determinação de sentido, são nesta matéria proeminentes, defenderei
que o papel da filosofia da arte deverá restringir-se ao de denunciar
empreendimentos que violem tais requisitos minimais ou que descrevam
incorrectamente o seu propósito.
Necessidade Metafísica
Discuto quatro tipos salientes de necessidade: metafísica, lógica, conceptual e
natural. Argumento no sentido de mostrar que a necessidade metafísica,
necessidade concebida à boa velha maneira aristotélica como fundada na
identidade das coisas, tem um papel central na ordem da explicação. A distinção
entre necessidade metafísica e necessidade lógica ou conceptual não é uma
distinção entre necessidade de re (que pertence às coisas) e necessidade de
dicto (que pertence às palavras ou conceitos), pois mesmo as mais triviais
verdades logicamente ou conceptualmente necessárias são-no em virtude do mundo,
da identidade das coisas (Williamson 2007). Assim, quer a necessidade lógica
quer a necessidade conceptual são definíveis, por restrição, em termos de
necessidade metafísica. Por outro lado, presumivelmente há verdades naturalmente
necessárias que são metafisicamente contingentes (Fine 2005). Todavia, toda a
verdade naturalmente necessária em sentido estrito, que o é em virtude da
identidade de categorias e propriedades naturais actuais ou nativas, é
metafisicamente necessária. Assim, também a necessidade natural (estrita) é
definível, por restrição, em termos de necessidade metafísica.
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