Será bom haver problemas morais para resolver? Ao responder a esta pergunta compreende-se o paradoxo: por um lado, queremos dizer que não é bom haver problemas morais para resolver (como a fome e a miséria), pois é por isso mesmo que os queremos resolver; mas por outro, que iríamos fazer depois de resolvidos todos os problemas morais? Jogar às damas?
A dificuldade é parecer necessário ter desafios morais para ter uma vida que nos realize. Por outro, este pensamento instrumentaliza o mal, pois obriga a admitir que é bom haver mal, o que em si é contraditório.
Este problema está intimamente relacionado com teodiceias como a de Swinburne, segundo a qual o mal natural e moral no mundo existe porque Deus quer que sejamos heróis. Muitas pessoas pensam que esta perspectiva torna Deus imoral, pois é como se uma mãe decidisse tornar um filho paralítico para este poder desenvolver o seu carácter e ser um herói. Mas o problema é também moral, pois levanta um desafio a qualquer concepção do bem e do mal, do que é correcto ou não e da vida boa.
Este e outros paradoxos morais são explorados por Saul Smilansky no livro 10 Moral Paradoxes (Wiley, 2007), recenseado por Caspar Hare aqui.
10 de maio de 2009 ⋅ Blog
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