31 de agosto de 2009 ⋅ Blog
Philosophy Talk nas redes sociais
30 de agosto de 2009 ⋅ Blog
Uma crítica ao positivismo legal
Timothy Williamson
A natureza inexcepcional da filosofia é mais fácil de discernir se evitarmos a ênfase filistina numas poucas ciências da natureza, muitas vezes imaginadas de modos rudimentarmente estereotipados que marginalizam o papel dos métodos de poltrona nessas ciências. Nem todas as ciências são ciências da natureza. Seja o que for que os empiristas rudimentares possam dizer, se alguma coisa é uma ciência é a matemática; e se algo se faz de poltrona é a matemática. As questões matemáticas não são conceptuais em qualquer sentido proveitoso. Se a matemática é uma ciência de poltrona, por que não também a filosofia?
29 de agosto de 2009 ⋅ Blog
Será que a crença em Deus pode dar sentido à existência?

Um dos pontos do capítulo sobre o sentido da vida no livro Os problemas da filosofia (Gradiva, 2009) de James Rachels, aponta 3 hipóteses mais gerais para entender como a religião pode dar sentido à nossa existência. Examinemos brevemente essas hipóteses:
1 – As nossas vidas têm sentido porque Deus tem um plano para nós. Esta hipótese parece não funcionar já que podemos pensar que também os pais têm um plano para os filhos e muitas das vezes esse plano acaba por ser frustrante para os próprios filhos. Não se vê assim por que razão o plano de Deus poderia conferir sentido à existência.
2 – As nossas vidas tem sentido porque somos o objecto do amor de Deus. O que acontece nesta hipótese é que a maioria dos seres humanos já possui esse amor por parte dos familiares e amigos mais próximos. Mas, se ainda assim as nossas vidas parecerem absurdas, o que é que acrescenta o amor de uma entidade exterior?
3 – O compromisso do próprio crente religioso. Rachels explica que este compromisso implica a aceitação por parte do crente de que é filho de Deus. Se esta aceitação existe então os valores de Deus já não são vistos como uma imposição de fora, mas são os valores do próprio crente. Mas Rachels aponta também que aqui se implicam duas ideias:
a) A ideia de que o sentido religioso pode dar sentido à nossa existência;
b) A ideia de que só o compromisso religioso pode dar sentido à nossa vida.
A primeira ideia pode ser verdadeira mesmo que a segunda seja falsa. A segunda ideia, refere, Rachels, é muito mais forte. Resta saber se a segunda é uma ideia verdadeira?
Penso que a segunda ideia é falsa, e Rachels dá uma resposta logo a seguir. Mas vou deixar a questão à reflexão do leitor.
Escolaridade obrigatória alargada até ao final do 1º ciclo do ensino superior
O que acha desta ideia o leitor?
28 de agosto de 2009 ⋅ Blog
Fantasiando o ocidente
27 de agosto de 2009 ⋅ Blog
Papel electrónico renovado

O resultado é impressionante. Podemos ler perfeitamente coisas como a New History of Western Philosophy, de Anthony Kenny, em PDF. Comprei o último livro de Sainsbury, Fiction and Fictionalism, em formato PDF, e lê-se agora perfeitamente bem. É como ter um aparelho novo, de facto. Se hesitava comprar um aparelho por saber que poucos livros académicos existiam no formato MOBI, que era o mais confortável de ler, acabaram-se as hesitações: agora pode ler PDF e ePub perfeitamente… e transportar uma centena de livros destes na mão, quando viaja, etc., com todo o conforto. O leitor que uso é o BeBook, mas há outros análogos, como o da Pixelar — é só procurar.
23 de agosto de 2009 ⋅ Blog
A filosofia no séc. XIII
17 de agosto de 2009 ⋅ Blog
IEP de cara lavada
16 de agosto de 2009 ⋅ Blog
A traição aos gregos
DEF 2.0
Swinburne em Viseu, no 7º Encontro Nacional de Professores de Filosofia

A Sociedade Portuguesa de Filosofia, em colaboração com a Escola Secundária Alves Martins (Viseu) e com o apoio, entre outros, da Câmara Municipal de Viseu e da Escola Superior de Tecnologia de Viseu, organiza este ano o 7.º Encontro Nacional de Professores de Filosofia, um evento que visa facultar o intercâmbio de ideias e de práticas, quer do ponto de vista da Filosofia enquanto disciplina académica, quer do ponto de vista didáctico-pedagógico.
As comunicações e sessões práticas serão apresentadas e organizadas por investigadores, docentes universitários e docentes do ensino secundário, no âmbito do tema «Filosofia e Religião».
Para a edição deste ano contaremos com um orador internacional convidado, o Professor Richard Swinburne (Emeritus Nolloth Professor of the Philosophy of the Christian Religion, Oxford; Fellow of the British Academy), um dos mais destacados especialistas mundiais no domínio da filosofia da religião, de quem está traduzida em português a obra Is There a God? (OUP 1996 / Será que Deus Existe? Gradiva, 1998).
Serão também oradores, entre outros, os Professores José Meirinhos (U. Porto), António Pedro Mesquita (U. Lisboa) e Peter Stilwell (U. Católica), tendo sido ainda seleccionadas, mediante um processo de arbitragem sob anonimato, duas comunicações propostas.
O encontro terá lugar no Instituto Superior de Tecnologia de Viseu, nos dias 4 e 5 de Setembro de 2009.
15 de agosto de 2009 ⋅ Blog
Popper reeditado

14 de agosto de 2009 ⋅ Blog
Reflexão e aquecimento local
Nos últimos dias não tem faltado calor em Portugal, tendo as temperaturas ultrapassado mesmo os 40º C em alguns sítios. Será isto mau para os filósofos? Será que o calor é um obstáculo à reflexão filosófica?
12 de agosto de 2009 ⋅ Blog
Filosofia da mente

No artigo "A Importância dos Livros Introdutórios" defendo que é crucial publicar estes livros para a qualidade do ensino e da investigação, contrariando assim a posição comum nas zonas mais frágeis do mundo académico, que vê até com maus olhos a publicação destes livros. A proposição que defendo no artigo é esta: sem bons livros introdutórios, os alunos ficarão mal formados, e quando estes alunos se tornam mestres e doutores são profissionais de competências muitíssimo frágeis, o que por sua vez dá origem a mais um ciclo de maus profissionais porque são eles que formam os futuros doutores.
10 de agosto de 2009 ⋅ Blog
Sitemeter
Leo Strauss em português

Novos problemas filosóficos
5 de agosto de 2009 ⋅ Blog
O Livro dos Saberes

4 de agosto de 2009 ⋅ Blog
Substituir confusões

To substitute A for B é pôr o substituto A no lugar de B, e não B no lugar de A. Mas é infelizmente comum interpretar erradamente “Substituir A por B” como se quisesse dizer que B passa a ocupar o lugar de A, caso em que seria B o substituto. O mesmo já não ocorre quando se diz que A substitui B, pois agora é evidente que é o substituto A que toma o lugar de B. Uma solução simples é evitar o uso de “substituir A por B” no sentido batateiro habitual, e passar sempre a escrever e dizer “fazer A substituir B.”
Curiosamente, no dicionário de inglês Collins podemos ler o seguinte: “Substitute is sometimes wrongly used where replace is meant: he replaced (not substituted) the worn tyre with a new one.” Esta confusão não é esclarecida nos dicionários de língua portuguesa que consultei (Aurélio, Houaiss e Porto Editora), cujos autores manifestamente não se dão conta dela. Ou então consideram que tanto faz saber quem substitui quem quando se diz que se substituiu o Chico pelo Manel porque necessariamente teremos de estar a falar de futebol, políticos ou telenovelas, e não de tolices abstractas como a filosofia ou a física, e portanto é visível quem foi a besta que saiu e a besta que entrou.
A minha proposta é que quem quiser escrever português ático deve fugir a sete pés do plebeísmo “substituir A por B,” dado ter sido corrompido para lá de toda a recuperação possível, passando então a escrever “fazer A substituir B”.
O Vítor mostrou-me que nem toda a gente usa a língua portuguesa à maluca. Em Fernando Pessoa ocorre pelo menos um uso correcto de substituir: “Ora a civilização consiste simplesmente na substituição do artificial ao natural no uso e correnteza da vida” (“O Caso Mental Português,” Fama, 1932). Infelizmente, isto não é garantia de que não ocorra nele também o uso batateiro. Mas para quem não se impressiona com argumentos lógicos que procuram tornar a língua portuguesa algo que seja mais do que um veículo para comprar batatas, talvez a autoridade de Fernando Pessoa torne autorizável que se evite o uso incorrecto do termo “substituir.”
2 de agosto de 2009 ⋅ Blog
M. S. Lourenço
A Morte da Literatura
A reflexão sobre a cultura está conspicuamente a tomar a forma de uma necrofilia. Esta já tem uma tradição centenária, se pensarmos que a primeira morte foi anunciada há um século quando Zarathustra anunciou então a morte de Deus e nos anunciou a visão do homem do futuro, o super-homem para além do bem e do mal, o qual representa uma transcendência ao mesmo tempo do humano e do divino.
A segunda morte teve lugar já no neste século [XX], após a Segunda Guerra Mundial, ao ser anunciada a morte do homem e, eo ipso, a inexequibilidade do projecto do super-homem. Estas duas mortes estão entre si relacionadas, uma vez que a morte de Deus foi causada pela ciência e a morte do homem foi causada por um produto da ciência, a máquina. Assim, enquanto a ciência levou à eliminação da percepção mágica do mundo, a máquina eliminou o comportamento mágico do homem e transformou-o num autómato.
Somos contemporâneos da terceira morte, a morte da Literatura, tal como ela é anunciada no ensaio de Hans Magnus Enzensberger com o depressivo título Mediocridade e Loucura. Os algozes da Literatura não são uma entidade abstracta, como a ciência, ou um objecto material, como máquina, eles são antes os consumidores dos meios de comunicação de massas, para os quais Hans Magnus Enzensberger adopta a designação hierárquica de «analfabetos secundários». Estes distinguem-se dos analfabetos primários sobretudo pelo facto de, além de saberem ler e escrever (com erros), estarem limitados a imitar a linguagem dos meios de comunicação de massas.
Assim, enquanto a contradição entre a magia e a ciência dá origem à morte de Deus, e a contradição entre a alma e a máquina dá origem à morte do homem, agora a contradição entre a linguagem da imaginação e a dos meios de comunicação de massas dá origem à morte da Literatura.
Mas a morte da Literatura não pode ser exclusivamente imputada aos analfabetos secundários, e a injustiça desta imputação torna-se mais óbvia se considerarmos os géneros literários tradicionais.
O fim da poesia épica tem de ser atribuído a causas alheias à cultura da audiência a quem o poeta épico se dirige. O sentido do poema épico consiste essencialmente em apoiar a configuração de uma concepção de Estado, já realizada ou a realizar. Mas como os fins que os Estados actualmente propõem aos seus súbditos não podem ser sublimados, porque são manifestamente imorais ou porque são simplesmente mercenários, a degradação da figura do Estado arrasta consigo a obsolescência da poesia épica.
A morte da poesia trágica é também independente da incultura das massas. Ao contrário, é um produto da cultura que está na origem do desaparecimento do género trágico. Este produto da cultura é a doutrina ética conhecida pelo nome de «voluntarismo», uma doutrina segundo a qual a vontade precede e determina a acção. Mas é óbvio que num mundo onde eu só faço aquilo que quero, deixo também de ter qualquer experiência trágica.
Enfim, no que diz respeito à poesia lírica, os temas do sujeito lírico e da sua união com a natureza são inconciliáveis com a catástrofe ecológica. Para o poeta lírico, o mundo não só deixou de ser mágico como se tornou repugnante: os rios, as florestas e a lua já o são, em breve seguem-se os planetas do sistema solar e o espaço cósmico em geral.
É preciso tornar cristalinamente óbvio em que é que consiste a minha diferença em relação às teses de Enzensberger. Sem dúvida que a constituição de uma plebe audiovisual, com um número sempre crescente de participantes, torna a Poesia impossível, uma vez que deixa de haver interlocutor para a asserção poética. Simplesmente a plebe audiovisual, que representa a negação da cultura, está paradoxalmente associada com alguns produtos da cultura, os quais também podem ser vistos como a causa eficiente da morte da Literatura.
Deixando agora de lado os factores de carácter político e económico que estão na origem da decadência da poesia épica e da poesia lírica, voltemo-nos uma vez mais para os factores endógenos da cultura. Além do voluntarismo, a que já aludi acima como responsável pela obsolescência da tragédia, a doutrina de estética literária conhecida pelo nome de «funcionalismo» produz efeitos em tudo idênticos aos do analfabetismo secundário.
Para o escritor funcionalista, o fim da obra literária é a comunicação de uma ideia. E tal como numa comunicação telefónica a forma está subordinada à informação a transmitir, assim também na obra de arte literária a forma é função da mensagem. Nestas circunstâncias, o valor de uma obra de arte literária é o valor da ideia nela representada. Enquanto para Auerbach a narrativa do Novo Testamento é responsável pela queda da doutrina clássica dos estilos, em virtude de uma mesma pessoa ser ao mesmo tempo uma reencarnação do sublime e do vulgar, agora estamos perante uma doutrina para a qual o estilo e a forma deixam de ser o fim da obra de arte literária.
Não é assim de surpreender que ao funcionalismo se viesse juntar aquela forma de cepticismo estético que é representada pelo relativismo, o ponto de vista da estética literária segundo o qual tudo tem igualmente o mesmo valor: não há fronteiras entre o literário e o não-literário, e é indiferente se se lê uma crónica da Bolsa ou uma página de Proust. Mas evidentemente se tudo é igual a tudo, então também não vale a pena dizer nada, e é esta genuinamente a morte da Literatura.
A consequência prática desta doutrina é a abolição da diferença entre o escritor e o analfabeto secundário, caminhando ambos para uma legitimação recíproca e sem conflitos. Os escritores legitimam a plebe audiovisual escrevendo sem estilo e sem forma, sem exigências para consigo ou para com o seu público, o qual, por sua vez, legitima o escritor não fazendo perguntas, porque nem autor nem leitor sabem o que é o ramo de Eneias, o que é que Ariana faz na ilha de Naxos.
Entretanto, cem anos de perplexidade chegaram para mostrar que Deus não morreu, uma vez que a todo o momento os deuses ressuscitam. A segunda prognose também ainda não se realizou e, embora pendurado à beira de um abismo, o homem ainda não morreu. Ambos, Deus e o homem, são uma criação da Literatura, do Logos, que é o princípio por meio do qual as coisas passam a ser. Assim a morte da Literatura é o Apocalipse.
(de Os Degraus do Parnaso)
Faleceu M. S. Lourenço
1 de agosto de 2009 ⋅ Blog
Algumas edições brasileiras

- Ceticismo e Naturalismo: Algumas Variedades, de P. F. Strawson (UNISINOS)
- Filosofia da Tecnologia, de Val Dusek (Loyola)
- Ilustrações da Lógica da Ciência, de Charles Sanders Pierce (Idéias & Letras)
- A Filosofia da Musica, de Aaron Ridley (Loyola)
- Filosofia: Um Guia Para Iniciantes, de Evans e Teichman (Madras)
- O que os Filósofos Pensam, de Julian Baggini e Jeremy Stangroom (Idéias & Letras)
- Filosofia Contemporânea Em Ação, de Havi Carel e David Gamez (Artmed)
São bem-vindas recensões de quaisquer destes livros.
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