Li Bai (701-762), também conhecido como Li Po, foi um dos melhores poetas chineses, talvez até o melhor, só rivalizado pelo imenso Du Fu. Um dos seus poemas que me tem acompanhado na memória ao longo dos anos, na tradução inglesa de J. C. Cooper, é esta pequena celebração, que aqui traduzi para português -- partindo da versão inglesa, pois infelizmente não sei mandarim. Este poema em particular, um dos mais belos, foi objecto no séc. XX de inúmeras traduções inglesas. Escolhi a que mais gosto. Depois da minha tradução, está a tradução inglesa usada numa composição musical de Vangelis, que a acompanha na perfeição.
A pequena celebração, de Li Bai
Bebo entre as flores uma garrafa de vinho.
Somos três, se contarmos a minha sombra
E a Lua cintilante.
A Lua nada sabe felizmente sobre vinho,
E a minha sombra nunca tem sede.
Canto e a Lua ouve-me em silêncio.
Danço e também a minha sombra dança.
Em todas as celebrações há a tristeza da despedida,
Mas esta tristeza é-me desconhecida.
Quando vou para casa a Lua vai comigo
E a minha sombra acompanha-me.
26 de fevereiro de 2010 ⋅ Blog
Subscrever:
Enviar feedback
(
Atom
)
Arquivo
-
▼
2010
(361)
-
▼
Fevereiro
(24)
- Vamos brincar à unificação
- A pequena celebração
- Proposta para uma nova ortografia
- Introdução ao Pensamento Islâmico
- Ned Block e Philip Kitcher
- Novidades editoriais da Gradiva
- Filosoficamente
- Cepticismo na grécia antiga
- podcast sobre música
- Projecto musical divulga ciência e filosofia
- O que é a consequência lógica?
- Uma experiência deliciosa
- É errado sentir culpa?
- asylum ignorantiae
- Lógica, para que te quero?
- Ryle em Portugal...
- Partir de uma petição de princípio
- Galileu Galilei
- Definições
- A estética de Heidegger
- História da filosofia e história das ideias
- O que é uma explicação?
- Entrevista da Prometeu
-
▼
Fevereiro
(24)

3 comentários :
Muito bom.
Sigo regularmente o blog e acho muito interessante.
Continue com o magnifico trabalho!
No Monte Tong
Passaria cem anos nesta montanha
sem pensar no regresso. Cem anos de embriaguês.
Gostaria de dançar e com as minhas mangas
roçar todas as copas dos pinheiros de uma só vez
Li Po, 'Sono De Primavera - Poemas Chineses', versões de Jorge de Sousa Braga, Edições Litoral, Porto, 1986.
Obrigado pela referência. Acaso sabe se Jorge de Sousa Braga traduziu directamente do mandarim?
Publicar um comentário