19 de maio de 2010 ⋅ Blog
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5 comentários :
Inclino-me mais a favor dos contra-argumentos aos argumentos de Nagel. Se a vida fosse absurda, não seriam as contingências e a especificidade da vida humana que fariam a vida ser absurda. Mas reconheço que a “arbitrariedade” da morte voluntária é necessária para que se considere a vida humana absurda. Seguindo Camus, é o suicídio que justifica que a vida seja um absurdo. Ora, a maioria dos humanos não se suicida. Se a vida fosse um absurdo, seria de esperar que o suicídio fosse a regra e não a excepção. A vida é um supremo bem, um valor que vale a pena ser vivido, independentemente das suas contingências. O sentido da vida é o seu próprio valor. E o sentido da vida é a procura da felicidade de todos.
F.Dias: eu não penso que uma maior ou menor frequência das taxas de suicídio seja relevante para a justificação do sentido da vida. As pessoas podem dar cabo da própria vida por diversas motivações psicológicas injustificadas. Admitir esse tipo de raciocínio é como admitir, por exemplo, em filosofia da morte, que o fato das pessoas terem ou não medo de morrer torna a morte um mal: é óbvio que o medo das pessoas pode ser irracional, e nesse caso o medo é irrelevante para o problema.
Uma experiência mental que mostra como esse raciocínio não funciona é o seguinte: imagine que coloco uma droga na maior parte dos reservatórios de água do mundo todo. Quando as pessoas bebem da água contaminada elas se tornam deprimidas e logo em seguida se matam. Em consequência, a humanidade inteira, exceto eu, irá se matar. Isso prova que não valia a pena viver antes dessa onda alarmante de suicídios? É claro que não.
Não creio que o sentido da vida necessite de justificação. A crença de que a vida tem sentido é uma crença básica, assim como a crença no mundo exterior.
Além disso, penso que a expressão "sentido da vida" envolve diversos significados que, na minha opinião, são confundidos ao longo da discussão. Podemos, por exemplo, pensar "sentido" como sinônimo de "compreensão" ou "inteligibilidade"; ou como "meta", que diz respeito à intenção, direção ou finalidade - e pressupõe ponto de partida e ponto de chegada; e, por fim, como "valor", que diz respeito à importância e dever. Certamente que há implicações entre tais noções, mas as perguntas e respostas relacionadas a cada uma delas não são necessariamenta as mesmas. Ora, é possível chegar à conclusão de que a vida tem sentido e uma meta determinada, mas não tem valor. Com efeito, sob um outro ponto de vista, uma pessoa que diz que a vida não tem valor e continua viva está caindo em uma espécie de "auto-contradição performativa".
Se cabe aqui uma provocação, na minha opinião, as discussões que tenho visto entre filósofos analíticos (até onde cheguei a ler), sobre tal assunto, padecem de falhas graves. Por exemplo, muitos ignoram o papel das tonalidades afetivas para a discussão do sentido, da meta e do valor da vida.
Heidegger e a tradição da filosofia existencial aceitam a tese de que as tonalidades afetivas tem um papel fundamental na compreensão pré-proposicional ou pré-predicativa (o "saber-como") das situações vividas. E, neste caso, embora os analíticos arrogantemente zombem da obscuridade dos continentais, estes parecem ter a vantagem de uma discussão mais abrangente e não simplesmente reduzida a aspectos cognitivos como a justificação de crenças.
Olá,
Em meu blog (Nypoa.wordpress) publiquei uma defesa ao artigo de Nagel, com base na crítica aqui apresentada. O post é muito longo para estar aqui como comentário, portanto mostro apenas a conclusão. Será muito valioso para mim receber críticas desse post.
[]s,
Nypoa
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Conclusão
Sobre as objeções apresentadas, acredito que a primeira erra o alvo, tratando-se de fato, de uma constatação circular que nada opõe à questão da necessidade da contingência para a absurdidade da vida. Se partirmos da hipótese de que a vida é contingente, então ela será absurda. Mas essa hipótese não foi objetada, apenas foi apresentada a reciproca disso, o que é irrelevante parea a questão.
Sobre a alegada solução que Nagel dá ao problema, ela me parece equivocada. O que Nagel de fato afirma é que o paradoxo, apresentado desde um ponto de vista objetivo, acaba por subestimar demasiadamente o ponto de vista subjetivo, que é onde a vida encontraria seu sentido (intrínseco).
Este é o novo link do artigo: http://criticanarede.com/nagelabsurdo.html
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