Acabo de receber notícia deste apetitoso livro publicado pela Hackett: The Battle over Free Will: Erasmus & Luther. O livro foi organizado por Clarence H. Miller e traduzido por Clarence H. Miller e Peter Macardle. A introdução é de James D. Tracy (416 pp.).
29 de fevereiro de 2012 ⋅ Blog
The Battle over Free Will
Acabo de receber notícia deste apetitoso livro publicado pela Hackett: The Battle over Free Will: Erasmus & Luther. O livro foi organizado por Clarence H. Miller e traduzido por Clarence H. Miller e Peter Macardle. A introdução é de James D. Tracy (416 pp.).
28 de fevereiro de 2012 ⋅ Blog
Cambridge Applied Ethics
27 de fevereiro de 2012 ⋅ Blog
Filosofia da história
P. T. Geach
Penso efectivamente que para o uso de uma palavra como nome próprio tem de haver em primeiro lugar alguém em contacto com o objecto nomeado. Mas a linguagem é uma instituição, uma tradição; e o uso de um dado nome para um dado objecto, como outras características da linguagem, pode ser transferido de uma geração para outra; o contacto exigido para o uso de um nome próprio pode ser mediato e não imediato. Platão conhecia Sócrates e Aristóteles Platão, e Teofrasto Aristóteles, e assim por diante numa sucessão apostólica até ao nosso tempo; é por isso que podemos legitimamente usar "Sócrates" como um nome do modo como o fazemos. Não é o nosso conhecimento desta cadeia que valida o nosso uso, mas a sua existência (...)"The Perils of Pauline", 1969 (reimpresso no seu livro Logic Matters)
25 de fevereiro de 2012 ⋅ Blog
Hilary Putnam
Se qualquer indício adicional fosse necessário do estado saudável da filosofia hoje, seria fornecido pelas hordas de intelectuais que se queixam que a filosofia é demasiado "técnica", que "abdicou" de qualquer preocupação com os problemas "reais", etc. Pois tais queixas têm sempre ocorrido precisamente quando a filosofia foi significativa e vital! Aristófanes achava Sócrates tolo e técnico; Berkeley era tido como rídiculo pela opinião leiga até que Hume e Kant apreciaram a importância do desafio que ele pôs; Hume e Kant, por sua vez, foram ridicularizados e mal compreendidos... O triste facto é que a boa filosofia é e sempre foi difícil, e que é mais fácil aprender os nomes de uns quantos filósofos do que é ler os seus livros. Aqueles que acham que a filosofia é demasiado "técnica" hoje, não teriam mais encontrado o tempo ou a inclinação de seguir as longas cadeias de argumento de Sócrates, ou de ler uma das Críticas, numa época anterior.Philosophical Papers, Vol. II, pp. 132-133.
23 de fevereiro de 2012 ⋅ Blog
Filosofia da arte em Lisboa
21 de fevereiro de 2012 ⋅ Blog
Ruth Barcan Marcus (1921-2012)
Nota: Dificuldades técnicas impedem-me de utilizar aqui, ao contrário do que acontece no artigo original, os símbolos correctos dos quantificadores nas fórmulas apresentadas. Assim, no lugar de $ deveria estar o símbolo habitual do quantificador existencial (um E maiúsculo virado para a esquerda) e no lugar de " deveria estar o símbolo habitual do quantificador universal (um A maiúsculo invertido).
14 de fevereiro de 2012 ⋅ Blog
Anscombe sobre o Consequencialismo
“É uma característica necessária do consequencialismo que é uma filosofia superficial. Porque há sempre casos de fronteira em Ética. Ora, se fores um Aristotélico, ou um crente na lei divina, vais lidar com um caso de fronteira tendo em consideração se fazer tal e tal em tal e tal circunstância é, digamos, assassínio, ou um acto de injustiça; e de acordo com a tua decisão de que é ou de que não é, julgarás que é a coisa a fazer ou não. Este seria o método da casuística; e embora te possa levar a alongar um ponto na circunferência, não irá permitir que destruas o centro. Mas se fores um consequencialista, a questão “Qual é a coisa a fazer em tais e tais circunstâncias?” é uma questão estúpida a levantar. O casuísta levanta tal questão apenas para perguntar “Seria permissível fazer assim e assim?” ou “Seria permissível não fazer assim e assim?” Apenas se não fosse permissível não fazer assim e assim, poderia ele dizer “Esta seria a coisa a fazer”. Pelo contrário, apesar de ele poder falar contra uma acção, não pode prescrever nenhuma -- porque num caso efectivo, as circunstâncias (além das imaginadas) podem sugerir todo o tipo de possibilidades. Ora, o consequencialista não tem fundamento a partir do qual possa dizer “Isto seria permissível, isto não”; porque, pela sua própria hipótese, são as consequências que decidem, e não é da conta dele fingir que pode especificar que possíveis reviravoltas um homem pode dar fazendo isto ou aquilo; o máximo que pode dizer é: um homem não deve dar origem a isto ou aquilo: ele não tem direito de dizer que vai, num caso real, dar origem a tal e tal a não ser que faça assim e assim.”
G. E. M. Anscombe em ‘Modern Moral Philosophy’
13 de fevereiro de 2012 ⋅ Blog
Ética Prática – Prostituição
Aborto, eutanásia, direitos dos animais, clonagem e ética profissional em geral são apenas alguns dos muitos assuntos debatidos à exaustão em Ética Prática. Curiosamente, de modo comparativo, há relativamente poucos artigos debatendo se há algo prima facie moralmente errado com a prostituição.
A maior parte dos artigos, oriundos de autoras feministas, foca-se na questão de se há algo errado com as formas actuais de prostituição, na medida em que reflecte a desigualdade entre o homem e a mulher (como se não houvesse também prostituição masculina), um capitalismo desenfreado subjacente ou a simples exploração económica e coerção das mulheres prostituídas. Ora, a questão ética mais interessante não é se, por contingências históricas, a prostituição está ligada ao capitalismo, à desigualdade entre o homem e a mulher ou à coerção e exploração. A questão ética mais interessante é se a prostituição, independentemente destes factores, é moralmente permissível.
Há, pelo menos, dois bons artigos escritos por filosofas profissionais sobre esse assunto, ambos coligidos na colectânea Philosophy of Sex editado por Alan Soble.
O primeiro, por Martha Nussbaum, defende que não há nada intrinsecamente errado com a prostituição, apesar de a autora achar que há algo de errado com as formas actuais de prostituição - assim como em muitas outras profissões. Nussbaum argumenta que trabalhadores em fábricas, advogados, massagistas, cantores de ópera e até professores de filosofia (!) são pagos para usar o seu corpo, muitas vezes em condições laborais que não têm controlo. Qual a diferença moral entre este tipo de profissões e prostituição? Segundo Nussbaum, nenhuma. Ver o seu artigo aqui.
O segundo, por Yolanda Estes, admite, como é incontroverso, que o consentimento é uma condição necessária ao sexo moralmente respeitável, mas não é uma condição suficiente. De acordo com Estes, em qualquer relação humana, mas principalmente nas que envolvem sexualidade, é necessário, para que estas sejam morais, que haja uma preocupação e desejo mínimos com o bem-estar e as experiências do outro. Ora, Estes elabora o seu caso mostrando que as nossas intuições morais mostram que estas condições são de facto necessárias e que a prostituição viola estas condições. Ver o seu artigo aqui (as notas são especialmente informativas).
Creio que dos dois, o de Nussbaum é o mais organizado e convincente, mas não obstante, penso que é Estes que tem razão. Há, de facto, algo moralmente suspeito na prostituição.
Mas, mais importante do que o que eu penso é o que pensam os leitores da Crítica? Prostituir-se é uma acção moralmente mais errada que varrer o chão? Se sim, porquê? Se não, porque é que um número significativo de pessoas tem intuições opostas?
P.S. Foi feita uma boa sugestão, pelo Aires, em ouvir Michael Sandel (professor do famoso curso Justice disponível online) sobre estas questões aqui.
11 de fevereiro de 2012 ⋅ Blog
O que haverá de errado em não salvarmos “a vida que podemos salvar”?
Imaginemos a seguinte experiência mental:
Primeiro caso: encontro-me numa ponte e o Fernando (um menino de 5 anos) está a atravessá-la. Sem um bom motivo que o justifique, atiro o Fernando abaixo da ponte. O Fernando morre.
Segundo caso: sei que a ponte vai ser demolida às 15 horas e sei que o Fernando atravessa a ponte todos os dias a essa hora para ir brincar. Posso avisar o Fernando que a ponte vai ser demolida, mas, sem um bom motivo que o justifique, não o aviso. O Fernando morre.
Tanto no primeiro caso como no segundo fiz escolhas conscientes (agir ou não agir) e sem um bom motivo que as justificasse. O resultado dessas escolhas é o mesmo: a morte do Fernando.
Será que moralmente uma escolha é menos condenável do que a outra?
Moralmente sei que devo fazer o bem e não devo fazer o mal, mas no segundo caso não fazer o bem equivale também a fazer o mal. No primeiro caso sou assassino porque faço o mal e no segundo sou assassino porque não faço o bem.
Agora imaginemos que eu sei que a ponte vai ser demolida no momento em que vão atravessar, não uma, mas 24 mil crianças e eu posso tentar avisá-las.
Sei também que, por falta de tempo e de meios, tenho (poucas) hipóteses de salvar a vida de apenas algumas dessas crianças.
Sei ainda que, se não agir, ninguém me acusará de ter procedido incorrectamente mas, se agir, dificilmente apagarei da memória os milhares que não conseguirei salvar. E isso é só um dia… pois todos os dias são demolidas pontes em toda a parte e outros tantos milhares irão morrer. Ao final de um ano serão cerca de 10 milhões de crianças a morrer… e eu sou só um. Para mim seria muito mais fácil nem sequer pensar no assunto.
Alguém me arranja então um bom argumento para eu não agir?
Ou, se nada fizer, terei que me resignar a ser um genocida passivo?
(Ideia sugerida pela leitura do livro A Vida Que Podemos Salvar, de Peter Singer)
5 de fevereiro de 2012 ⋅ Blog
Pedro Galvão sobre os direitos dos animais
Deixo aqui um breve resumo da conferência que Pedro Galvão fez em Portimão sobre direitos dos animais.
E o leitor, o que pensa de tudo isso?
2 de fevereiro de 2012 ⋅ Blog
David Deutsch
Dizer que a previsão é o propósito de uma teoria científica é confundir os meios com os fins. É como dizer que o propósito de uma nave espacial é queimar combustível. Na verdade, queimar combustível é apenas uma das muitas coisas que uma nave espacial tem de fazer para cumprir o seu verdadeiro propósito, que é transportar a sua carga de um ponto no espaço para outro. Passar testes experimentais é apenas uma das muitas coisas que uma teoria tem de fazer para alcançar o verdadeiro propósito da ciência, que é explicar o mundo.
Arran Gare
Se a argumentação rigorosa fosse a base para determinar a aceitação ou rejeição de ideias, então o livro Darwinian Creativity and Memetics, de Maria Kronfeldner, deveria acabar finalmente com a teoria da cultura de Richard Dawkins, baseada na noção de "memes".
1 de fevereiro de 2012 ⋅ Blog
Um caso de popularidade merecida
Arquivo
-
▼
2012
(208)
-
▼
Fevereiro
(14)
- The Battle over Free Will
- Cambridge Applied Ethics
- Filosofia da história
- P. T. Geach
- Hilary Putnam
- Filosofia da arte em Lisboa
- Ruth Barcan Marcus (1921-2012)
- Anscombe sobre o Consequencialismo
- Ética Prática – Prostituição
- O que haverá de errado em não salvarmos “a vida qu...
- Pedro Galvão sobre os direitos dos animais
- David Deutsch
- Arran Gare
- Um caso de popularidade merecida
-
▼
Fevereiro
(14)
