O que acontecerá quando os nossos computadores se tornarem mais inteligentes do que nós?
A inteligência artificial está a ficar mais inteligente a passos largos - ainda neste século, sugere a investigação, um computador AI poderá vir a ser tão "inteligente" como um ser humano. E, em seguida, diz Nick Bostrom, irá ultrapassar-nos: "As máquinas inteligentes serão a última invenção que a humanidade irá precisar". Um filósofo e tecnólogo, Bostrom pede-nos para pensar intensamente sobre o mundo que estamos a construir agora, impulsionado por máquinas pensantes. Será que as nossas máquinas inteligentes ajudam a preservar a humanidade e os nossos valores - ou será que elas têm os seus próprios valores?
O Medo do Conhecimento tem merecido a maior atenção por todo o lado, como é confirmado pela sua tradução para várias línguas. A inegável relevância dos temas tratados, tanto para as ciências da natureza como para as humanidades, a luz clarificadora que lança sobre a sua discussão, tornarão este livro um clássico da epistemologia contemporânea. Paul Boghossian começa por expor com rigor e imparcialidade o que considera serem os melhores argumentos a favor das concepções relativista e construtivista da verdade, as quais se tornaram uma asfixiante ortodoxia em vastas áreas do mundo académico. O seu objectivo é avaliar criticamente esses argumentos relativistas e construtivistas, procurando mostrar, de forma acutilante e muito persuasiva, os vícios de raciocínio e os erros conceptuais insanáveis em que assentam...
Numa entrevista ao The Wall Street Journal, quando foi confrontado com a questão de como é que se poderia aprender a ser mais altruísta, a resposta de Singer foi: "Suponho que estudar filosofia é realmente a resposta."
Segue-se o Prefácio, o Índice e um curto vídeo de apresentação do livro pelo próprio Peter Singer.
Prefácio
Um movimento novo e emocionante está a surgir: o altruísmo
eficaz. Organizações estudantis estão a formar-se em torno dele e há discussões
acaloradas nas páginas das redes sociais e dos sítios da Internet, bem como nas
páginas do New York Times e do Washington Post.
O Altruísmo eficaz baseia-se numa ideia muito simples: devemos
fazer o maior bem que podemos. Obedecer às regras habituais de não roubar,
enganar, ferir e matar não é o suficiente, ou pelo menos não é o suficiente
para aqueles de nós que têm a enorme sorte de viver com conforto material, que
podemos alimentar, dar habitação, e vestir a nós mesmos e às nossas famílias e
ainda ter dinheiro ou tempo de sobra. Viver uma vida ética minimamente
aceitável envolve o uso de uma parte substancial dos nossos recursos extra para
tornar o mundo um lugar melhor. Viver uma vida plenamente ética envolve fazer o
maior bem que podemos.
Embora as pessoas mais activas no movimento do altruísmo
eficaz tendam a ser da Geração do Milénio — isto é, a primeira geração a ter a
maioridade no novo milénio — filósofos mais velhos, dos quais eu sou um, já
discutiam o altruísmo eficaz antes de este ter um nome ou de ser um movimento.
O ramo da filosofia conhecido como ética prática tem desempenhado um papel
importante no desenvolvimento do altruísmo eficaz e o altruísmo eficaz
reivindica, por sua vez, a importância da filosofia, mostrando que ela muda, às
vezes até dramaticamente, as vidas daqueles que tiram esses cursos.
A maioria dos altruístas eficazes não são santos, mas sim
pessoas comuns como você e eu, muito poucos altruístas eficazes afirmam viver
uma vida totalmente ética. A maioria deles está algures no contínuo entre uma
vida ética minimamente aceitável e uma vida totalmente ética. Isso não
significa que se sintam constantemente culpados por não serem moralmente
perfeitos. Os altruístas eficazes não vêm muito sentido em se sentirem
culpados. Eles preferem concentrar-se no bem que estão a fazer. Alguns deles
ficam satisfeitos em saber que estão a fazer algo significativo para tornar o
mundo um lugar melhor. Muitos deles gostam de desafiar-se a si mesmos, para
fazer um pouco melhor este ano do que no ano passado.
O Altruísmo eficaz é notável sob várias perspectivas, irei
explorar cada uma delas nas páginas seguintes. Primeiro, e mais importante,
isso está a fazer uma diferença no mundo. A filantropia é uma indústria muito
grande. Só nos Estados Unidos há quase um milhão de instituições de caridade,
que receberam um total de, aproximadamente, 200 mil milhões de dólares por ano,
com um adicional de 100 mil milhões dólares doados a congregações religiosas.
Um pequeno número de instituições de caridade são claramente fraudes, mas um
problema muito maior é que muito poucas delas são suficientemente transparentes
para permitirem que os doadores possam julgar se realmente estão a fazer o bem.
A maior parte desses 300 mil milhões de dólares é dada com base em respostas
emocionais a imagens das pessoas, animais, ou florestas que a caridade está a
ajudar. O altruísmo eficaz procura mudar isso proporcionando incentivos às
instituições de caridade para que demonstrem a sua eficácia. O movimento já
está a direccionar milhões de dólares para instituições de caridade que estão
efectivamente a reduzir o sofrimento e a morte causada pela pobreza extrema.
Em segundo lugar, o altruísmo eficaz é uma maneira de dar
sentido às nossas próprias vidas e de encontrar a realização pessoal naquilo
que fazemos. Muitos altruístas eficazes dizem que, ao fazer o bem, se sentem
bem. Os altruístas eficazes beneficiam directamente os outros mas,
indirectamente, muitas vezes, beneficiam-se a si mesmos.
Em terceiro lugar, o altruísmo eficaz lança uma nova luz sobre
uma velha questão filosófica e psicológica: Seremos fundamentalmente
impulsionados pelas nossas necessidades inatas e respostas emocionais, com as
nossas capacidades racionais a fazer pouco mais do que colocar uma capa
justificativa sobre as acções que já foram determinadas antes mesmo de
começarmos a raciocinar sobre o que fazer? Ou poderá a razão desempenhar um
papel crucial na determinação de como vivemos? O que é que leva alguns de nós a
olhar para além dos nossos próprios interesses e dos interesses daqueles que
amamos para os interesses de estranhos, das gerações futuras, e dos animais?
Por fim, o surgimento do altruísmo eficaz e o entusiasmo
evidente e inteligência com que muitos da Geração do Milénio no início das suas
carreiras o estão a abraçar, oferecem motivos para o optimismo sobre o nosso
futuro. Há muito que existe cepticismo sobre se as pessoas podem realmente ser
motivadas por uma preocupação altruísta para com os outros. Alguns pensaram que
as nossas capacidades morais se limitam a ajudar os nossos parentes, aqueles
com quem nós estamos, ou poderíamos estar, em relacionamentos mutuamente
benéficos e os membros do nosso próprio grupo tribal ou sociedade de pequena
escala. O altruísmo eficaz fornece evidências de que esse não é o caso. Mostra
que podemos expandir os nossos horizontes morais, tomar decisões com base numa
ampla forma de altruísmo e empregar a nossa razão para avaliar as evidências
sobre as prováveis consequências das nossas acções. Desta forma, permite-nos
ter esperança que a próxima geração, e aqueles que a sigam, sejam capazes de
cumprir as responsabilidades éticas de uma nova era em que os nossos problemas
serão tanto globais como locais.